Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


Acreditar que vai ser diferente do que? Do que já se passou? Das escolhas que fizemos?  alguma coisa se perde aí sempre... A gente tenta pensar apenas nos ganhos, nas tais "vitórias" e "conquistas"... e a tal retrospectiva... 
Acabei de ler o livro que traz o relato de Pierre Rey: "uma temporada com LACAN", ele fez dez anos de análise com Jaques Lacan e eu não sei porque no final da "histórinha" dele fiquei muito angustiada. Para ele os dez anos se passaram muito rápido e ali no fim (ele se deparou) a gente se depara com a grande questão de todo neurótico: "A MORTE", castração por excelência... Pierre fala disso com tranquilidade, da sua vivência em análise. Pelo menos é o que senti ao ler. E o que me angustiou? haha...
A morte que nos faz viver, buscar, tentar, re-inventar... como se só nesta vida (não sei se existem outras) teríamos tempo, depois tudo acaba... diferente de antes talvez, após a análise observamos tudo de uma maneira mais SUAVE?
Ainda não cheguei no final da minha e acho que falta um bom tempo. E você me pergunta: "o que isso tem a ver com o ano novo e com a citação inicial?"

TUDO!

A gente ta falando de re-começo, diferente ou como sempre... ilusão ou não... faz parte da vida, ela continua e a única coisa que deixa de existir somos nós. DRÁSTICO PENSAMENTO para quem começa um novo ano? NÃO. Uma pitada do real aí... tão insuportável para todo ser humano mas que talvez aprender a lidar com tudo isso seja um bom COMEÇO.



VAMOS LÁ...

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