O que a psicanálise pode nos falar sobre a condição de RESPEITAR o outro.

Bom, a partir das escutas do dia a dia resta-me por a trabalho com a psicanálise para então recordar, repetir, elaborar e trazer novos sentidos. Hoje, como uma IGNORANTE DOUTA, posicionamento este que prefiro privilegiar pois não ocupo um lugar concreto no real de suposto saber mas também não rechaço alguns sujeitos que por questões particulares necessitam me colocar neste lugar, me perguntei sobre o que poderia construir a respeito deste significado chamado RESPEITO. Então dou uma olhada no seminário VII de Lacan que fala sobre a ética e me deparo com a construção que ele começa fazer falando sobre o posicionamento que temos diante do paciente, quando precisamos dar uma resposta EXATA. Entendi que ele fala algo sobre o momento da INTERVENÇÃO que o analista faz em ato na análise. Então diz ele: "uma resposta da qual devemos conservar a mais severa disciplina para não deixar adulterar o sentido, em suma profundamente inconsciente, dessa demanda." (p. 12). Logo mais ele fala sobre uma total diferenciação entre a ÉTICA e a MORAL, porque a ÉTICA em psicanálise está muito além de uma moral de conduta, como ele diz "para além do mandamento" (p. 13),para além de uma "obrigação", que nesta lógica da MORAL se não o fizer sente-se culpado. Levando em consideração o que Lacan propõe sobre a ÉTICA de ouvir sem alterar o sentido da demanda do paciente, PENSO EU que a psicanálise tem muito a nos ensinar sobre o respeito. Respeitar o outro na medida que este tem a sua demanda, sua queixa, sua história, suas repetições. Estaria eu então porventura "desrespeitando" este outro a partir do momento em que destituo a sua demanda e tento dar um sentido MEU a partir de questões minhas (projeção? ou qualquer outro mecanismo). Lembrei do caso Dora, dizem que Freud "fracassou" neste caso já que tentou fazer uma interpretação a partir do que já existia em seu conhecimento, a partir das escutas que até então havia acolhido que era um certo "modelo heterossexual" do complexo de Édipo, e Dora em um certo momento depois interrompe a sua análise e diz QUE NÃO ERA NADA DISSO. 
Se realmente Freud "errou" em tentar dar (ou ajudar a...dar) um sentido a partir daquilo que era de seu conhecimento até então, não teria eu a audácia de afirmar mesmo que fosse, aprendemos muito também com este caso,nesta tentativa de elaboração MINHA fica claro que muitas vezes este lugar de ignorante douta é um lugar que de certa forma não só no consultório mas na vida prática em si nos livra de diversas situações desagradáveis, porque não cabe a mim dizer o que realmente é, não cabe a mim dar um sentido ao que é do outro. Acho que quando temos tal atitude frente ao outro estamos o destituindo, rechaçando, acusando e porque não DESRESPEITANDO? 



Freud também disse que um charuto as vezes é só um charuto, então porque devemos dar "nome aos bois?", ainda mais se a fazenda não é nossa!!!!!!






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