Pulsão de morte - Um alívio para a vida.

Um ódio intenso invadia sua alma, como o mar em fúria e a relva escura, tudo escuro.

Um amargo tão intenso que a melhor escolha era deixar de sentir-se, deixar de existir nem que fosse por alguns segundos apenas.
Tentativas...

Culpar sempre o outro era um grande escape para continuar (se) odiando e vivendo.

Na verdade... Acho que ela odiava mais a sua própria existência do que qualquer coisa do mundo.
Projeção...

Certo dia tentar cortar os pulsos não resolveu sua angústia (daquelas que faz perder a fala com um nó na garganta e olhos vermelhos em sangue).

A caixinha de remédios também esvaziou-se em uma tarde de verão, mas por azar ou sorte, não cumpriram seu papel naquele dia.

A morte teria fugido dela? ou ela fugira da morte como aquele que foge querendo sempre estar perto?

Porque?  talvez era melhor para ela ter a morte por perto do que pensa-la longe?

Em sua fantasia, ela sempre imaginava-se sendo surpreendida dependurada por uma corda, enforcada, morta...

Como se o sofrimento do outro ao vê-la ali, de pés flutuando e balançando ao ar livre, fosse faze-la ressussitar e ser feliz. Talvez.



Um alívio para continuar vivendo, tentando, sonhando.