Por MARTHA MEDEIROS.

 Compreendendo o ódio, a mágoa e o rancor por Martha Medeiros:

O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.
Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

Meu complemento:
Você jamais vai observar por aí, alguém atirar pedras em uma árvore ausente de FRUTOS DELICIOSOS.
Você jamais vai ver por aí (ou na sua época colegial) a menininha despercebida da turma ser barrada no final da aula pela Gang (de meninas) da escola.
Você jamais vai ver uma mulher feia e burra sendo alvo de paparazzi's!

JAMAIS!


AH! DESCULPE! ...
Mas infelismente ou felismente existem aqueles que chamam a atenção e aqueles que PROVOCAM SITUAÇÕES para chamar a atenção. Provocar é uma necessidade de quem se sente inferior. Desculpe novamente, mas você não vai conseguir ser como quem você odeia tanto. Pois o que é dela vai para além do que seus olhos podem ver, é algo subjetivamente formado. As pessoas são únicas e a beleza de cada um é incomum e incomparável.
Cada um com "a coisa" sua.
Cada um com a sua "falta". Ou sem falta no caso da perversão. ENFIM...
Se o ódio, a mágoa e o rancor são NECESSIDADES para você viver, que de fato então te façam feliz, que sinceramente eu acho difícil.

Já eu, prefiro viver na ignorância.
Prefiro não sentir.
Escolhi sair fora, como o objeto perdido. (E então né... )
Porque ás vezes tentar uma reconciliação com alguém (no sentido de ter uma AMIZADE) é apenas um ato demonstrativo que a pessoa encontrou de dizer em seu enunciado que NADA RESTOU, nada ficou, a não ser a certeza de um passado sem função, sem SIGNIFICADO, sem objetivo. E que só existe, assim como A FOLHA SECA que em Processo de POTRIFICAÇÃO encontra-se no chão da rua sem asfalto.
 Guardar rancores disso (desse passado) É DIZER: "Sim, ainda lembro de você, você ainda mexe comigo, e o ódio que sinto de você é melhor para não te esquecer de fato...".
O perdão às vezes demora, mas É EXATO, sem cena teatral, sem nada forçado, sem drama, ele é puro e verdadeiro, aparece nos olhos, nas palavras, nos gestos, NA ALMA!
Bom, talvez ainda seja o passado que mova alguns.
É difícil de acreditar mas pode ser real.
Eu não tive preferência por esquecer, eu apenas vivi, eu apenas mudei minha posição, eu apenas CONSEGUI passar por tudo e ver a vida diferente. Para isso, tomando decisões difíceis mas importantes.
Quando eu digo: "te compreendo" é porque realmente é compreensível.

ATÉ MARTHA COMPREENDEU! (rsrsrs...).


Eu?
Ah! estamos por aí! eu e meus vários eu's!



Fazendo apenas o que o desejo permite. Porque é do desejo que se constitui o sujeito . É da palavra, é através do significante do outro. Este outro que nos permeia desde antes do nascimento. Através do desejo do outro que nos pôs no mundo que passamos a nomear e a existir!


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