A Falta, a psicanálise, o desejo, o sujeito, o que?

Bem, estava lendo o blogger de um psicanalista, este discorria sobre um tema que considero de extrema importância, e foi onde me remeti a uma lembrança de alguns dias atrás onde "me peguei" em minha própria análise. Como assim?

Vamos por partes, o tema da postagem do blogger era "psicoterapias e psicanálise", não delimitando abordagens psicológicas, mas tratando de explicar de maneira suscinta: o que é uma análise? foi isso que o autor fez e muito bem feito.

E o que ele explica é o que LACAN diz: "toda análise leva ao pior...", ou seja, no setting de uma análise o que se implica aí é o DESEJO; do sujeito faltante, este que busca, busca, busca e jamais será satisfeito. Diz Rafael e também algum autor que não me recordo o nome, que a falta é como um "oco" um "buraco" que temos e o desejo é este, este que nos leva a buscar "coisas" ou "situações" ou "situações que remetem a coisas" (rsrs), para tentar suprir esta falta que jamais será tamponada.

Bem aí entra a questão que me referia no início, me peguei falando em minha própria análise: "Mas o que eu quero afinal?", depois de falar (muito) daquilo que me faz(ia) sofrer e perceber que nesta minha fala, estava falando de um movimento ÚNICO que sempre me faz(ia) buscar, mas na verdade buscar o que? é como se eu cavasse o tempo inteiro e não chegasse a tesouro algum, apenas o desejo de concontrar algo ( preencher algo) pois em qualquer situação seja, solteira, casada, namorando, pobre ou rico; branco, negro ou cor de rosa, ou sei lá o que, vamos atrás de preencher a falta, a partir da nossa relação com o outro, como se o outro fosse o suposto ter, este outro das nossas relações. O Nosso amigo que vamos pedir um conselho supondo que ele seja o suposto saber, o nosso psicanalista como suposto ter a resposta de nosso sofrimento, nosso professor, nosso orientador, nossos pais e no final das contas quem tem o que? TODOS FALTANTES E NINGUÉM TEM A RESPOSTA QUE IRÁ SUPRIR O DESEJO, ninguém vai fazer calar o sofrimento que a falta nos causa.

A pulsão a partir da falta que faz o ser humano buscar, ser insatisfeito, eis aí o bonito do sintoma como dizia eu para uma amiga, tão bonitinho que não vivemos sem ele e choramos com ele!

Em uma análise nos deparamos com tudo isso, que não é nada fácil, não! não é! você dizer a si mesma (o): "poisé, sou uma insatisfeita" "poisé, sou imperfeito" "faço isso e aquilo pois na verdade me sinto inferior" "tenho tais atitudes pois me sinto rejeitada(o)...".

Isso dói, o caminho de uma análise realmente não é para qualquer um é como se observar em um espelho sem maquiagem após uma noite mal dormida; ver cada ruga, cada olheira e imperfeições que nunca jamais tinha sido visualizada.

E a partir de então, conseguir organizar-se a partir daquilo que és e sente, a partir do desejo fazer escolhas, escolher e dar conta de si mesmo, e desamaranhar o grande emaranhado de confusão que existe em nosso Inconsciente. Pois nos agarramos ao nosso sintoma, e não vivemos sem ele, até um certo dia...

Um dia em que caminharemos de uma forma, entendendo que tudo o que realizamos é para tentar tamponar a falta que jamais será tamponada, é se haver com a impossibilidade de ser tudo, de querer tudo, de poder tudo!

De uma maneira muito resumida, acho que é por aí...

"SIM! SOU FALTANTE...e a partir desta falta que me faz desejar e buscar, faço isso ou não? continuo a caminhar neste caminho ou não? , qual decisão tomar?"

Escolher fazer diferente daquilo que o sintoma IMPÕE (ou não) arcando com as possíveis frustrações e consequências, pois todo sujeito tem um ganho secundário a partir do seu sintoma.

É, doloroso, mas penso que a (re)organização psíquica que acontece e a maturidade que se alcança isso compensa!!

Viver melhor dentro de suas possibilidades.