O sujeito contemporâneo é o sujeito do INCONSCIENTE.


Hoje no twitter um colega meu twittou que seu companheiro estava "de saco cheio" da relação dele com o Twitter e chegou a dizer "ou o twitter ou eu..." (Ah! como é bom twittar!!!!! rs...).
Bem, mas então eu disse para ele que o twitter ou qualquer outra ferramenta que encontramos neste mundo virtual, eram apenas "pontes", para que o sujeito realize seu desejo mais rápido e da mesma forma que se satisfazia antigamente (como na época da minha avó, que só os homens tinham o direito de trair). No entanto hoje existe mais praticidade. Se a pessoa quiser trair, se o desejo for este ela vai de qualquer maneira, com twitter ou sem.
Isso me levou a repensar o sujeito de hoje, que consegue mascarar tão bem seus sintomas através destes meios que a contemporaneidade oferece, no entanto, é o mesmo sujeito da época de Freud, um indivíduo que ainda sofre por suas phatologias, (phatos = paixões), por seus amores, sofre por suas somatizações, sofre por se sentir traído (ou ser de fato), sofre por se sentir inferior, ou seja, ele sofre! Ainda é um sujeito movido por seus sintomas pulsionais que são mais fortes que ele e fazem ele fazer coisas que não quer.

Então, adentrando nesta questão de "sujeito de hoje e sujeito de antigamente", poderia eu responder a uma pergunta de um médico que participava de um curso extensivo de psicanálise na PUC, o qual eu estava presente, disse ele: " COMO QUE VOCÊS LÊEM ALGO TÃO ANTIGO (TEORIA FREUDIANA) E AINDA SE BASEIAM NISSO?" É... ele perguntou de uma maneira tão "inocente" E DESEJANTE que causou, e ao causar desenrolou uma série de questionamentos a cerca deste "sujeito". Vi ele como uma pessoa tão simples, não sabia nada de psicanálise (através da fala da pessoa a gente percebe a construção que ela fez e está fazendo em seu "saber" sobre a psicanálise) mas ele queria saber. Tão humilde ao meu ver, que se dispôs a perguntar no meio de todo aquele pessoal, que certamente em sua grande maioria entendiam alguma coisa de psicanálise, não se importando com a consequência da pergunta mas movido somente pelo desejo!!!Vejam a pergunta, é um tanto desafiadora, mas como o inconsciente é algo que se apresenta sempre onde está o ser humano, não há o que não dizer e muito menos o que temer quando as pessoas perguntam sobre...
O moço certamente obteve muitas respostas, pôde pensar e decidir o que realmente queria saber e o porque queria saber...

Muito corajoso e perspicaz, HÁ SE TODOS FOSSEM ASSIM, este mundo do saber seria mais satisfatório.

Porque uma coisa é perguntar no meio de tantas pessoas querendo apenas "causar", "aparecer", ou realmente"desafiar" as pessoas, querendo "estar por cima" ...se fosse com esta intenção, certamente o moço receberia um "CORTE LACANIANO" da palestrante (Zaira Antonieta Belan), porque a verdade representada pela palavra também corta quando dita, e outra coisa é simplesmente perguntar desejando "inocentemente" saber. Com a satisfação primordial de "sanar" temporariamente a sua dúvida. Digo temporariamente, porque o ser humano nunca se satisfaz no mundo do saber.
Mas esta é a diferença que fez repercutir uma questão tão importante, enunciada por uma pergunta tão direta, que eu vou guardar para sempre!

Um moço totalmente diferente dos que estavam no curso, sem aparentar uma"postura" rotulante de psicanalista ou médico, se é que existe isso...mas a gente sabe que alguns desconhecedores da psicanálise rotulam "como tem que se comportar e falar" um psicanalista ou estudante de psicanálise, como se o saber sobre o inconsciente só fosse "repassado", por pessoas que SE VESTEM DE TAL MANEIRA, SE COMPORTAM DE TAL MANEIRA E FALAM DE TAL MANEIRA, (tem que falar baixinho heimmm!!! kkk) e não simplesmente REPASSADO por aqueles que SÃO ANALISTAS DE SUA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA!


E DISSO EU POSSO DIZER: "TO SABENDO!"...


E aproveito para suscitar esta questão, pois ela fez parte de QUASE toda minha formação em psicologia, desde o início eu fui estudante de psicanálise, e sempre as pessoas (até mesmo uma professora, que se sentia inferior a todo mundo, coitada...hoje sei o porque se incomodava tanto...)fazia "piadinhas", de como tinha que ser um psicanalista, como falar, como andar...se você falasse em um tom de voz mais "rude"ou mais "grave" aí a tal professora (que não era da psicanálise mas de outra abordagem) dizia: "olha! você não pode falar assim já que quer ser psicanalista, olhe a professora de psicanálise de vocês, fala de tal forma...", como se tívessemos de ser robôs ambulantes imitadores de uma professora de psicanálise, ela sempre "jogava" estas piadinhas em algumas aulas dela, com aquele veneninho saindo pelos cantos da boca....Gente!!! este dia ficará marcado, aí BEM MAIS TARDE ENTENDI que pessoas mal resolvidas consigo mesmas e com a psicanálise sempre tentam ironizar, criar coisinhas para "alfinetar" quem se identifica com a abordagem. Pois se a psicanálise NÃO ESCOLHEU ELA, o que podemos fazer???Ela que vá encontrar alguma satisfação na vida dela se a abordagem dela não é suficiente.


É... a psicanálise realmente causa impacto, mas não é ela em si, e sim o que ela descobriu, que o ser humano não é tão dono de si mesmo como pensa(va).


Depois tudo isso passou, na verdade passou para mim, pois não sei mais o que ela(s) pensa(m )sobre o que seria "se tornar um psicanalista" e também não me interessa.


Se a psicanálise me escolheu de verdade, eu vou chegar lá sem esforços forçados, simplesmente desejando e estudando, querendo saber. Talvez um dia serei reconhecida e me reconhecerei neste lugar de analista. Mas não penso no "tal" lugar, simplesmente quero saber.



AH! e o sujeito? bem... o sujeito está aqui, está aí, está lá...






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