Porque dizia...

Porque; dizia Clarice nas entrelinhas que a sua vida era doída, ao mesmo tempo em que a dor lhe aproximava do puro prazer, um prazer imediato!...
Ela não entendia sua impulsividade, mesmo trazendo consequências drásticas ela dizia que seria muito mais insuportável não ser como criança, pois quando agia impulsivamente, obtinha o que queria, como queria. Já viram aquela criança que chora porque quer se alimentar? ela não sabe pedir, ela chora e se joga no chão...
E então o "adulto" vai e lhe dá um pirulito, que delícia!!!


Diz então ela:
"Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
CLARICE LISPECTOR


Um prazer imediato se obtém, agindo impulsivamente para não se haver com a frustração de esperar, com a dor da incerteza, com a dor de ver a real realidade da vida que muitas vezes temos que enchergar mesmo não querendo;

Pergunto: "Porque é tão mais fácil assim ao mesmo tempo que é difícil?"

E eu só olho para todo o caminho que caminhei até então e vejo quão largos foram os passos que eu dei;
Agora que encontrei a mim mesma eu estou como Clarice, pior ainda! Nem meu corpo da conta disso tudo, estou como criança que não controla o próprio corpo e somatiza!

Queria gritar e dizer também: "A vida que me é doída, a vida que me é doída!"
A "falta" jáz às portas meu amigo, ela está batendo a toda hora!!!




...
..